Saúde em Pauta

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Prevenção e tratamento de doenças
Publicação 16 mar 2021
Atualização 27 fev 2025

Transtorno bipolar: perguntas e respostas

Imagine um dia estar cheio de energia, com mil planos, e no outro, não ter vontade nem de sair da cama. Essa é uma realidade comum para quem convive com o transtorno bipolar (TB), uma condição que afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste artigo, você encontrará respostas às principais dúvidas sobre o transtorno bipolar, desde os sinais de alerta até formas de ajudar quem enfrenta essa condição.

O que você precisa saber sobre transtorno bipolar

Nas perguntas e respostas abaixo, entenda mais sobre essa condição de difícil diagnóstico.

O que é o transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é uma condição crônica que causa mudanças extremas no humor. Em alguns momentos, a pessoa pode se sentir extremamente desanimada e sem energia (episódios de depressão). Em outros, pode se sentir eufórica, cheia de ideias e muito agitada (episódios de mania ou hipomania).

Estudos indicam que essas mudanças são causadas por desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores presentes no cérebro. Diferente das variações normais de humor que todos vivemos, essas alterações são muito intensas e podem atrapalhar bastante a vida da pessoa e de quem está ao seu redor.

Quais são os sintomas do transtorno bipolar?

Os sintomas dependem do tipo de episódio que a pessoa está enfrentando.

Em períodos de depressão, a pessoa perde o interesse em atividades que antes gostava, sente um cansaço profundo, tem dificuldade de concentração e pode até pensar que a vida não vale a pena.

Nos episódios de mania, há uma energia exagerada, menos necessidade de sono, fala acelerada, confiança extrema e comportamentos impulsivos, como gastar muito dinheiro ou tomar decisões arriscadas.

Em casos graves, pode haver pensamentos confusos e até delírios. A hipomania é parecida com a mania, mas menos intensa. A pessoa fica mais animada e impulsiva, mas sem causar grandes problemas no dia a dia.

Quais são os tipos de transtorno bipolar?

Existem dois tipos de transtorno bipolar.

O tipo 1 apresenta episódios intensos de mania, alternando com depressão, sendo mais fácil de identificar porque os sintomas de mania são muito evidentes.

O tipo 2 é caracterizado por episódios de depressão e hipomania. Apesar de ser o tipo mais comum, pode ser mais difícil de diagnosticar, porque os sintomas da hipomania são menos marcantes.

Como é feito o diagnóstico?

Não existe um exame de sangue ou teste específico para diagnosticar o transtorno bipolar. O médico analisa o histórico da pessoa, conversa com ela e, muitas vezes, pede informações de familiares e amigos para entender melhor os sintomas. Esse processo pode levar bastante tempo, já que o transtorno bipolar pode ser confundido com outros problemas, como depressão ou ansiedade.

Como o transtorno bipolar afeta a vida?

As oscilações de humor podem afetar relacionamentos, estudos, trabalho e até mesmo a saúde física.

Durante as fases de mania ou hipomania, a pessoa pode tomar decisões impulsivas, como gastar mais dinheiro do que possui, começar projetos irrealistas ou agir de forma agressiva.

Já nas fases depressivas, tarefas simples do dia a dia, como se levantar da cama ou cuidar da higiene pessoal, podem parecer impossíveis. Essas mudanças costumam gerar sentimento de culpa, frustração e até isolamento.

O transtorno bipolar tem cura?

Embora não tenha cura, o transtorno bipolar pode ser controlado. Isso é feito com uma combinação de medicamentos, terapia e mudanças no estilo de vida, como manter uma rotina saudável de sono, alimentação e alguns tipos de atividades físicas. O tratamento é personalizado e pode precisar de ajustes ao longo do tempo, mas permite que a pessoa tenha uma vida mais equilibrada.

Como ajudar uma pessoa com transtorno bipolar?

A pessoa nessa condição precisa de apoio emocional e psicológico tanto de profissionais quanto das pessoas ao seu redor. Se você faz parte da rede de apoio e pode contribuir nesse processo, algumas dicas incluem:

  • Aprenda sobre o transtorno, converse com a pessoa em momentos calmos para entender do que ela precisa, mas não deixe de cuidar também da sua saúde mental.

  • Para o caso de uma emergência, tenha sempre contatos importantes, como o médico ou terapeuta da pessoa.

  • Ajude a identificar sinais de que uma crise pode estar chegando, como insônia e agitação.

  • Durante episódios de mania, seja paciente e firme ao lembrar a pessoa do que foi combinado em momentos tranquilos.

  • Em crises, ajude a evitar decisões impulsivas, como gastos excessivos, e limite o acesso a dinheiro ou chaves do carro, se necessário.

  • Nas fases de depressão, ofereça ajuda prática, como cozinhar ou cuidar de tarefas diárias, e incentive atividades que a pessoa goste.

  • Reforce que ela não está sozinha e que as crises são passageiras. Se notar ideias ou atitudes que lhe pareçam suicidas, procure ajuda médica

O transtorno bipolar não é uma escolha, nem mesmo “coisa de gente mimada”, e as crises podem ser muito difíceis para quem vive com a condição. Culpar ou julgar não resolve nada. Com apoio, compreensão e o tratamento correto, a pessoa se sente mais segura para viver melhor e de maneira saudável.

Fontes: Jornal da USP | Ministério da Saúde (1, 2) | Secretaria de Saúde do Distrito Federal

Agência SA365 | Edição e Revisão: Unimed do Brasil