Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças menores de 2 anos não devem ter qualquer tipo de contato com o açúcar adicionado. Isso não inclui o doce naturalmente presente em alimentos in natura, como as frutas – que, após os 6 meses, já devem começar a fazer parte do cardápio infantil.
A restrição é sobre aquilo que é adicionado em bebidas e comidas para mascarar o seu sabor natural. Isso engloba o açúcar branco, mascavo, cristal, demerara, de coco, xarope de milho, mel, melado ou rapadura.
Preparações que podem ser compradas prontas e já contêm o ingrediente na receita também devem ser evitadas. Alguns exemplos são: bolos, biscoitos e geleias. Para entender melhor o motivo dessas orientações e como lidar com a possível introdução do açúcar após os 2 anos, é só continuar lendo este artigo.
Por que criança não pode consumir açúcar antes dos 2 anos?

O ser humano possui uma preferência inata pelo sabor doce. Isso vem de questões históricas, ligadas a períodos de escassez. Daí a restrição ser um caminho para proteger a criança pequena e ajudá-la a construir um paladar mais saudável.
Quando isso não acontece, é mais provável que o hábito de consumir açúcar permaneça até a vida adulta – o que pode favorecer o desenvolvimento de diversas doenças.
Mas engana-se quem pensa que o preço desse consumo só chegará anos depois. Atualmente, crianças ainda pequenas já estão apresentando problemas crônicos que antes eram típicos de adultos. Entre eles, obesidade e diabetes.
A saúde bucal é outro cuidado a ser considerado. O consumo de açúcar em excesso está relacionado ao surgimento de placas bacterianas e cáries nos dentes.
A possível introdução do açúcar após os 2 anos
Após os 2 anos, já é permitido incluir uma certa quantidade de açúcar na alimentação infantil. Mas veja que falamos “permitido” e não “preciso”. Isso porque o açúcar adicionado passa longe de ser uma necessidade nutricional para o corpo.
Não à toa, mesmo quando há a liberação, a American Heart Association (EUA) recomenda que o consumo diário não passe de 25g – ou 6 colheres (chá). Como base de comparação, essa quantidade costuma estar presente em 240ml de refrigerante comum ou 40g de chocolate ao leite.
Para ter esse controle, a dica é moderar no que é adicionado em receitas caseiras e ficar de olho nos rótulos de alimentos prontos.
Alimentos que parecem saudáveis, mas não são

Existem alguns tipos de alimentos que informam nas embalagens não conterem açúcar – mas, ao olhar a composição, são encontrados os adoçantes.
Geralmente, isso aparece nos rótulos como edulcorantes, que são aqueles nomes mais complicados: aspartame, ciclamato de sódio, acessulfame de potássio, sacarina sódica, estévia, manitol, sorbitol, xilitol e sucralose.
Essas substâncias não devem ser oferecidas às crianças porque os efeitos à saúde ainda não são plenamente conhecidos – o que por si só pode representar um risco.
Outro ponto para ter atenção é com os alimentos que possuem um apelo infantil, seja pela identidade visual ou pelo sabor em si, mas que não são recomendados para a faixa etária. Veja alguns exemplos:
- Achocolatado;
- Bebida gaseificada;
- Cereal matinal;
- Gelatina em pó com sabor;
- Iogurte saborizado;
- Biscoito;
- Chiclete, bala e pirulito;
- Leite fermentado.
Alimentação saudável sem conflitos: dicas para chegar lá
Para quem é fã de doce, pode parecer uma privação manter a criança longe do açúcar e dos adoçantes. Mas isso passa longe de ser verdade.
Lembre-se de que essa substância não é necessária para o corpo humano. E, quanto menos contato os pequenos tiverem com esse sabor construído artificialmente, mais abertos estarão para as incontáveis texturas, paladares e cheiros das opções in natura. Para fazer isso funcionar, é interessante que a alimentação seja preparada em casa para garantir maior controle sobre os ingredientes.
Inclusive, com supervisão, a criança pode e deve participar do preparo e de outros momentos ligados à alimentação – como na hora de montar pratos e lancheiras de forma lúdica e divertida.
Isso porque essa proximidade com os alimentos, além de ser um momento saudável em família, é uma chance para os pequenos aprenderem mais sobre os ingredientes, estimularem sua criatividade e criarem familiaridade com o preparo de boas refeições.
Ah, e vale reforçar que os pais são exemplos que os filhos tendem a seguir. Por isso, é importante que a alimentação saudável seja um costume familiar. E vale não apenas para o açúcar, mas também para o excesso de sal, gorduras e até mesmo de telas!
Fontes: Sociedade de Pediatria de São Paulo, Ministério da Saúde (1, 2, 3, 4), Sociedade Brasileira de Pediatria