O diabetes gestacional é uma condição geralmente temporária, que surge durante a gravidez e, na maior parte dos casos, desaparece após o parto.
Receber o diagnóstico de diabetes gestacional pode gerar muitas dúvidas e inseguranças, mas, ao contrário do que algumas gestantes podem imaginar é que, ainda assim, é possível levar a gestação de forma saudável. Para isso, é preciso ter acompanhamento adequado e fazer algumas mudanças no estilo de vida.
A seguir, você vai entender melhor o que é o diabetes gestacional e como lidar com ele no dia a dia.
Por que o diabetes gestacional acontece?
Durante a gestação, a placenta produz hormônios capazes de interferir na capacidade que o corpo tem de utilizar a insulina – o hormônio que ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue. Esse processo é conhecido como “resistência à insulina” e ocorre com todas as gestantes.
Em um cenário saudável, o pâncreas (responsável pela produção desse hormônio) aumenta a produção e equilibra as taxas. Em algumas mulheres, entretanto, isso não acontece, levando ao diagnóstico de diabetes gestacional.
Os motivos para isso ainda não são plenamente conhecidos, mas já se sabe que alguns fatores podem aumentar os riscos, como:
- Estar com sobrepeso ou obesidade;
- Ter mais de 45 anos;
- Ter histórico familiar de diabetes;
- Ter recebido o diagnóstico de diabetes gestacional em uma gravidez anterior;
- Ser diagnosticada com síndrome dos ovários policísticos.
Importante: o diabetes gestacional é diferente do diabetes tipo 1 ou tipo 2. No diabetes gestacional, a alteração ocorre, normalmente, na segunda metade da gestação e, geralmente, se resolve após o nascimento do bebê.
Quais são os riscos do diabetes gestacional?
O principal risco está nos níveis elevados de glicose no sangue, que podem passar da mãe para o bebê através da placenta. Como resultado, o pâncreas da criança pode passar a produzir uma quantidade maior de insulina – que, nesse caso, é o hormônio responsável por estimular o crescimento e ganho de peso.
Por isso, muitos dos bebês que se desenvolvem nessas condições nascem com peso e tamanho excessivos (macrossomia fetal). Mas esse não é o único risco.
Há ainda chances aumentadas de parto prematuro, quadros de hipoglicemia durante os primeiros dias de vida do pequeno e pressão alta nas gestantes.
A boa notícia é que com o tratamento certo, os riscos de desenvolver tais complicações são reduzidos consideravelmente. Esse tratamento começa com três pilares principais: alimentação, atividade física e monitoramento da glicemia.
Alimentação: a base do tratamento do diabetes gestacional
A alimentação tem um papel fundamental no controle da glicemia. Isso não significa fazer dietas restritivas, mas sim aprender a escolher os alimentos certos, que tenham baixo impacto nos níveis de açúcar no sangue, estejam nas quantidades adequadas e distribuídos na frequência correta.
Entre as orientações mais comuns estão:

Prefira uma alimentação rica em vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis;
Evite o consumo de opções muito adoçadas, como sucos industrializados, refrigerantes e alimentos ultraprocessados;
Faça refeições regulares: café da manhã, almoço e jantar e dois ou três lanches nos intervalos.
Lembre-se: cada plano alimentar é individualizado e deve ser elaborado por um nutricionista considerando as necessidades e a rotina da paciente.
Atividade física: uma ótima aliada
Se não houver contraindicação médica, a prática regular de atividade física é altamente recomendada.
Exercícios como caminhadas leves, hidroginástica, ou outras atividades de baixo impacto ajudam o corpo a utilizar melhor a glicose, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue. O ideal é fazer 30 minutos por dia, sempre respeitando os limites do seu corpo na maior quantidade de dias possível.
Medição da glicemia: um acompanhamento essencial
Ao longo da gestação, o monitoramento da glicemia, com aparelho apropriado para essa finalidade, se torna parte da rotina. Isso porque, em horários determinados pela equipe de saúde, essa medição permite entender como o corpo está respondendo ao tratamento.
Uma dica é anotar os resultados em um caderno e levá-los às consultas de pré-natal, com indicações do horário da medição e do dia.
Idealmente, os resultados devem ficar próximos a:
Em jejum: menor ou igual a 95 mg/dl;
1 hora após o início das principais refeições: menor ou igual a 140 mg/dl;
2 horas após o início das principais refeições: menor ou igual a 120 mg/dl.

Quando a alimentação equilibrada e a prática de exercícios não são suficientes para manter a glicose nos níveis ideais, o médico pode indicar o uso de insulina ou, em alguns casos, outros medicamentos específicos e seguros para esse período.
O acompanhamento depois do parto
Na maioria dos casos, os níveis de glicose voltam ao normal após o nascimento do bebê. Ainda assim, é fundamental realizar o acompanhamento médico no pós-parto para garantir que tudo voltou ao normal.
Também é importante saber que, embora o diabetes gestacional geralmente desapareça, o diagnóstico indica uma predisposição: mulheres que passaram por isso têm maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 entre cinco e dez anos depois.
Por isso, manter hábitos saudáveis depois da gravidez é um cuidado com o presente e com o futuro.
Fontes: Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa BH, Sociedade Brasileira de Diabetes, MSD Manuals, International Diabetes Federation