Você já sentiu um abraço em forma de comida? Pode ser aquela receita da infância, o cheirinho inconfundível da comida da avó ou o prato típico que traz lembranças boas. Isso é o que chamamos de comfort food — ou, em bom português, “comida de conforto”.
Mas se engana quem pensa que comfort food é só sobre nostalgia… Essas refeições carregam valores emocionais e afetivos que podem ter um impacto direto na nossa saúde mental e na forma como lidamos com as emoções no dia a dia.
Vamos entender melhor esse conceito e como pode ser um aliado na busca por mais equilíbrio e bem-estar?
O que são as comfort foods e como elas ajudam na saúde emocional?
De forma geral, comfort food é uma comida que está fortemente ligada a memórias afetivas, momentos marcantes e vínculos familiares e sociais. Não é sobre os ingredientes em si, mas sobre o significado que aquele prato tem para a pessoa.
Alguns alimentos, especialmente quando relacionado às comfort foods, podem estimular a produção de serotonina, o neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar. Isso acontece porque alimentos ricos em carboidratos aumentam a disponibilidade de triptofano, um aminoácido que aumenta os níveis de serotonina do cérebro, levando a uma melhora do humor. Além disso, o sabor familiar de certos pratos pode desencadear a liberação de opioides endógenos, substâncias que interferem de forma positiva no humor e bem-estar.
É por isso que, muitas vezes, vemos nos alimentos uma forma de consolo emocional, principalmente em momentos de tristeza, cansaço ou estresse. Mas isso não significa que devemos usar a comida como uma válvula de escape constante. É preciso equilíbrio e consciência para reconhecer quando uma refeição está agindo como um conforto emocional e quando é apenas um alívio momentâneo – e que, nesse caso, pode não ser tão positivo para a saúde.
Você já ouviu falar em “mindful eating”?
“Mindful eating” – ou alimentação consciente – é o hábito de estar plenamente presente durante as refeições.
Prestar atenção aos sabores, texturas, cheiros e às emoções pode estimular os sentidos e melhorar a relação com a comida, reduzindo riscos de compulsão e colaborando para uma alimentação equilibrada.
Praticar a atenção plena ao saborear uma comfort food pode ser uma forma de reconhecer o seu real valor afetivo e entender mais sobre a sua conexão com os alimentos.
Equilíbrio é tudo!
O conceito de comfort food é algo muito pessoal. Para uma pessoa, esse conforto pode estar relacionado a uma massa que a mãe preparava em almoços especiais, para outra, esse mesmo carinho e afeição podem ser direcionados a um simples bolo que a avó preparava para o café da tarde.
Apesar do que muitas pessoas podem considerar, nem toda comfort food é altamente calórica – mas o equilíbrio é sempre essencial. Incluir desse tipo de refeição na rotina alimentar pode, sim, trazer grandes benefícios emocionais, mas precisa ser feita de forma consciente.
Uma ideia é estipular uma quantidade específica para consumir, ou tentar criar variações com ingredientes alternativos. O importante é considerar o impacto no corpo, na mente e buscar o equilíbrio de forma saudável e sem culpa!
Fontes: Revista Food and Foodways: Explorations in the History and Culture of Human Nourishment, International Journal of Gastronomy and Food Science, Research, Society and Development Journal, Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade – Senac, Jornal USP
